"Estamos cativos da dualidade da existência ao não pararmos de oscilar entre a vida e a morte, parir e morrer para voltarmos a parir, e nos entretantos dos ciclos recordarmos viver a aceitação da nossa vulnerabilidade.
É entre a angústia de morrer e a angústia de parir que mostramos a ousadia de voltarmos a nascer, pela via das dores que abraçam o quotidiano: morrer forçosamente para os factos, as pessoas, os objectos que já se encontram obsoletos e predestinados na sua vicissitude, morrermos um pouco em nós (de nós) - o que já só nos mata pelo seu desuso, e deixar(-se) parir novamente.
Seja a dádiva desta aceitação que fará da nossa própria morte a preparação para viver de/o novo."
Catarina Marques
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